domingo, 15 de julho de 2012

Roupa, dinheiro, crise e racionalidade


Depois de algumas horas a passar o ferro nesta manhã de domingo, eis que fui confrontada com mais meia dúzia de peças que não voltarão a ser usadas.
O crescimento duma criança mede-se sem dúvida pelo aumento de peso, comprimento e da pilha de roupa que deixou de servir.

Nunca tinha pensado muito no assunto, mas acabei por ter a sorte de ter muita roupa emprestada.
Apenas comprei umas peças para os primeiros dias, e alguns miminhos totalmente irresistíveis.

Quando a minha sobrinha nasceu tive a oportunidade de lhe comprar muitas coisas. Aliás nesse tempo eu era rica, conseguia deixar de lado mais de metade do meu ordenado, e com o que me sobrava dava-me a pequenos luxos. Sempre tive uma relação muito utilitária com o dinheiro, ele serve para eu fazer com ele o que quero, mas acautelando sempre o futuro e para ajudar os que me rodeiam.

Fui "rica" até há 8 anos atrás altura em que me tornei devedora ou se preferirem proprietária...

Quando a minha mãe via o que eu comprava para a minha sobrinha dizia: espero que quando chegar a tua vez tenhas o mesmo tipo de ajudas.
Ao que eu respondia: não hei-de precisar.
E de facto não preciso. Apesar da actual crise é-me possível comprar a roupa que ela precisa, mas o meu lado racional falou mais alto: e é necessário fazê-lo?

Vivemos numa sociedade altamente consumista, onde queremos ter tudo do "bom e do melhor" e de preferência em grandes quantidades, mas fará isto sentido? Principalmente no actual panorama?
Julgo que não e quando olho para a pilha de roupa que em dois meses deixou de servir mais me convenço disso.

E é assim que ao fim de algumas horas de ferro dou por mim a agradecer à família e amigos pelas ajudas que me têm dado neste percurso.
Se eu podia viver sem elas? Claro que podia, mas se puder aproveitar estas ajudas colocando de lado o dinheiro que não estou a gastar para o futuro da minha filha então tudo fará outro sentido.

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